sábado, 28 de março de 2009

REFLETINDO UM PLAUSÍVEL CASAMENTO DA ÉTICA COM A ESTÉTICA



OBS. Lembro que este texto faz parte de um conjunto de TRES.

O primeiro foi "REFLETINDO ECONOMIAS PLAUSÍVEIS", já no BLOG.

O segundo, “REFLETINDO POLÍTICAS PLAUSÍVEIS” (Já leu os dois?).

Finalizo a série refletindo agora sobre ÉTICA e ESTÉTICA.

Lembro que MUITOS temas abordados aqui, estão desenvolvidos em outros textos mais abaixo, no BLOG, a quem interessar possa.

Em breve vou colocar aqui um texto sobre Arte / Cultura / Cultura de Massa / Humor / Performance e Transperformances e - claro - Masculinidades, do modesto ponto de vista de uma psicóloga, que complementará as idéias desenvolvidas abaixo.


Resumo dos SUB-TEMAS desenvolvidos no texto abaixo:

- UTOPIAS PLAUSÍVEIS.

- Refletindo a ÉTICA; plausível? Refletindo a ESTÉTICA; plausível? O que as “costura uma à outra”...ou “descostura”?

- Espaço, territórios e fronteiras “ESFÉRICOS”? Imagem relacional (logo ética) e estilística (logo estética) plausível?

- Democratização da ESFERA ÍNTIMA para democratização da ESFERA PÚBLICA?

- INTIMIDADE, COMPROMISSO e CONFIABILIDADE; SOLITUDE e PRIVACIDADE; REFLEXÃO e PROCESSO DECISÓRIO; DUALIDADES e TRAGÉDIA; RAZÃO e EMOÇÃO; DISCURSO, PRÁTICA e RESPONSABILIDADE; MEDIAÇÃO POR MÍDIA-AÇÃO.

- A RAZÃO SENSÍVEL que parece faltar: embora não sendo Junguiana, REVENDO MITOLOGIAS E ARQUÉTIPOS.

- E, CLARO: PATRIARCALISMOS, PATRIMONIALISMOS, MASCULINIDADES, CRIANÇAS E GENTE EM GERAL.

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“...Platão, obviamente, foi guiado pelo proverbial ideal grego kalon k’agathon (o belo e o bom) e é, portanto, significativo que tenha se decidido pelo bom, e não pelo belo. Desde o ponto de vista da idéia em si, que pode ser definida como aquela cujo aparecimento ilumina, o belo, que não pode ser utilizado, mas apenas resplandece, tinha muito mais direito de vir a ser eleito a idéia das idéias....” (Arendt, H.; 2008, pág. 51 e 52; negritos meus).

Pré-definindo, com o auxílio de muitos autores, e sob nosso foco, talvez singular:

ÉTICA: Diz respeito ao “BEM” ou “BOM” (idéia de), mas também à disponibilidade para a qualidade relacional humana.

ESTÉTICA: Diz respeito ao “BELO” (a dinâmica-epifania criada entre a obra e o espectador), mas também a estilísticas existenciais.

Ampliar os horizontes de emergência de novos Atores Sociais (“A MULHER”, “O GAY”, “O VERDE”, “O CIDADÃO COM NECESSIDADES ESPECIAIS”, e todos os que já existem, e que possam vir a se organizar), partindo da maternagem, exercida potencialmente por mulheres ou homens, somada a uma paternagem emergente (a partir do contingente masculino que começou a ver na paternidade um novo e renovado sentido, passando a reivindicá-la), para conquistar a fraternagem (já que bastaria um contingente maior de meninos criados sob cuidados tanto masculinos quanto femininos para que um grande diferencial fosse introduzido na qualidade das relações dos “Seres em processo de Humanização” em geral), é mais uma utopia plausível Pós Moderna (trágico-clownesca, como definirei na última parte do texto) que - mesmo lambuzada de riscos hipercomplexos - parece (ao menos) livre do caráter de impossibilidade das inatingíveis idealizações modernas (ainda românticas?).

Ampliar horizontes, partindo do investimento no risco de novas experiências íntimas de relacionamento, seja - por exemplo - nas “novas conjugalidades” como diz Marlise Matos (em seu livro de 2000), seja no coletivo das novas experiências públicas (novas propostas profissionais na renovação nas discussões sobre carga horária que proporcione mais tempo na intimidade familiar ou existencial tanto para mulheres quanto para homens, por exemplo); e/ou de cidadania (como na relação cada vez mais profunda entre o cidadão autônomo e o Terceiro Setor, por exemplo), é plausível .

Todas as iniciativas referentes a correr esses riscos envolvem, de alguma maneira, em algum momento, diferenças, conflitos e/ou divergências entre gêneros, e muitas delas têm sido – já - concreta e comprovadamente plausíveis.

O conceito de plausibilidade foge da postura estática, das idealizações, da mera arquitetura de idéias sem ações que as sigam, do discurso que se julgue verdadeiro.

Ao contrário, familiariza-se facilmente com instabilidades (e riscos), inclusive o da frustração como fonte de renovação da aprendizagem.

É o que nos restou entre os escombros dos sonhos românticos daquela “Utopia” sinônimo de idealização eternamente esperada (a “face supostamente boa” de Godot, que Beckett temia que ficássemos esperando?).

Segundo Michel Maffesoli, existiria um sólido “vitalismo social”, fruto da sinergia entre o pensamento e a sensibilidade, que - mesmo levando em conta as diversas imposições sociais - equivaleria a dizermos (ainda assim!) “SIM!” à Vida.

Equivaleria à plausibilidade do íntimo e do público se manifestarem simultânea e assertivamente (um exemplo da instância estética afirmativa pleiteada também por Marlise Matos em 2000, leitura que recomendo).

O conceito de Intimidade vem sendo transformado por múltiplas instâncias, e - se de nada serve “julgar moralmente”, maniqueistamente, o que vai sendo escrito na história humana - é a reflexão que nos recoloca na trilha da humanização e da “cri - atividade”.

F. Jameson dá alguns exemplos práticos das transformações da fronteira dos universos íntimo e público através de nossa recente relação com as propostas arquitetônicas pós-modernas, que têm surgido (infelizmente) com um toque populista, o qual se opõe - segundo ele - à austeridade elitista mas elegante da modernidade (antes de nossos tempos pós-modernos):

...”Não temos ainda (sequer) o equipamento perceptivo necessário para enfrentar esse novo hiperespaço,”... (Jameson, F.; 2001, p.64 e 65; parentes meus).

Ele o exemplifica através da citação de alguns edifícios que mais parecem o simulacro de um “espaço total”, de um “mundo completo”, espécies de “cidades em miniatura”, onde se move e se congrega uma aparentemente original “hipermultidão”, para quem os caminhos parecem previamente demarcados (populista, fascista, e autoritariamente?).

Onde o personalizado “passeio” determinado até pouco tempo atrás, com alguma autonomia, pelo próprio Sujeito Moderno é substituído pelas escadas rolantes, esteiras e/ou entradas e saídas estratégicas para a massa de consumidores em potencial, compulsoriamente expostos aos fetiches de uma suposta “produção cultural”, voltada prioritariamente para (fácil e rapidamente deglutíveis) mercadorias, que finalizam a (tentativa de?) reificação definitiva destes pós-modernos “passantes.

Em 11 de agosto de 2003, por exemplo, a Associação Comercial Carioca atribuiu, na imprensa, o suposto sucesso de vendas de presentes no “Dia dos Pais”, ao frio que imperou no Rio de Janeiro naquele fim - de - semana, que teria levado as famílias a “ir se divertir” nos “acolhedores Shoppings”.

Embora no próprio “Dia dos Pais”, muitas matérias sobre o “perfil do ‘novo’ Pai” tenham sido publicadas, no dia seguinte não houve quem avaliasse, na imprensa, alguma real transformação nesse jogo relacional, a não ser na prática coletiva do volume das vendas; e mesmo a este, o sucesso foi atribuído ao frio ambiente, ao altamente discutível e dúbio “conforto dos Shoppings”, (estética) e não a plausíveis transformações de jogo relacional (ética): prática cuja face coletiva começaria na íntima.

A quê ou a quem servem a ética e a estética “separadas”?...

...”o hiperespaço pós-modernista finalmente conseguiu ultrapassar a capacidade do corpo humano de se localizar, de organizar perceptivamente o espaço circundante e mapear cognitivamente (e autonomamente) sua posição em um mundo exterior mapeável.”... (Jameson, F.; 2001,p.70; parênteses em negrito meus).

O mesmo autor lembra ainda o texto de Walter Benjamim, entre 1927 e 1929 (“Passagens”) sobre Baudelaire (“Os passantes”), em que ele falava da emergência do Modernismo através da nova experiência de percepção corporal na tecnologia das cidades daquele momento.

Relê Walter Benjamim e diz que as personagens do texto de Baudelaire parecem já agora antiquados, pois o salto (quântico?) que demos, nos teria levado agora à alienação tecnológica, cuja “saída” plausível (que faço questão de relembrar, inclusive por ser a mesma proposta por diversos autores, com a qual comungo) estaria na reflexão, na autonomia, na ação individual e posteriormente coletiva, se possível utilizando o humor e a ironia como instrumentos de exercício crítico e resistência, como no oportuno texto:

...”Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá.”(De Augusto Monterroso, e considerado o menor conto do mundo; autor guatemalteco, falecido em 2002. Jornal “O Globo, Caderno ‘Prosa e verso’, coluna de Affonso Romano de Sant’Anna, p.2 , em 15 de março de 2003).

Para Jameson, aliás, ainda em seu livro de 2001, a arquitetura mais bem humorada seria a japonesa; um debate interessante para ele mesmo HOJE, para os entendidos no assunto, ou para futuros textos. Mas, sem dúvida:

...”O humor não é resignado, mas rebelde”... (Freud, S.; 1927, p. 191).

Benjamim já apontava em seu texto o autônomo caminho dos “passantes” de Baudelaire, ENTRE residências (esfera íntima) e lojas (esfera pública), como o LUGAR não só do fluir histórico, do efêmero, mas também como o espaço para o POÉTICO.

Assinalava entre eles três personagens-arquétipos daquele momento: a prostituta (simultaneamente vendedora e mercadoria), o trapeiro (o que recolhe e transforma o que a cidade vai jogando fora), e o flâneur (o agente de um ócio ora frívolo ora reflexivo que ‘não existiria mais’, até porque era, ou se sentia, dono dessa frivolidade e dessa reflexão, que ele freqüentemente transformava em poesia).

A questão da moradia (suas novas e cada vez mais exíguas dimensões - que contrastam com os “dinossáuricos” shoppings, a desigualdade social excludente que freqüentemente ela desenha e expõe à grosseria, sua relação com as questões de segurança cada vez mais instável, o semi - nomadismo do contingente de imigrantes que não se cansa de aumentar, etc.) não será discutida aqui, mas gostaria de levantar uma hipótese, vinculada tanto à consciência quanto à inconsciência coletiva, mas também ao tema das masculinidades e seu leque de assuntos:

- Habitamos, ainda, uma espécie de “espaço patriarcalmente demarcado”?

Se habitamos, para quais mudanças na arquitetura e no urbanismo poderíamos e deveríamos nos preparar, na medida em que parecemos agora aguardar a instalação de uma plausível transformação ainda mais significativa nas manifestações de falência do patriarcalismo na intimidade e no público?


...”A própria linguagem retém traços deste princípio de estruturação do mundo. Diz - se que os animais domésticos são ‘bestas na casa’, enquanto os selvagens são qualificados como ‘bestas no mato’. Da mesma forma, os homens são considerados como ‘pessoas na casa’ em contraposição às mulheres, pensadas como ‘pessoas no mato’.

Portanto um sistema de pensamento que ordena o mundo segundo uma gradação de valores. Não é somente que a situação da mulher seja inferior à dos homens, é a própria lógica do pensamento que atribui à forma ‘feminino’ um atributo de desqualificação”... (Renato Ortiz; 1989, p.23, em sua ‘Apresentação’ de “As Formas Elementares de Vida Religiosa", Durkheim, É.; 1989).

Apenas para indivíduos e coletivos já envolvidos e comprometidos profundamente (por exemplo) com a questão ecológica, “animais”, “mato” e “feminino” “intimidade” estariam longe de ser “desqualificados” inconscientemente...

Mas, por maior que seja este contingente Verde (inclusive no Brasil), seu porte ainda não é significativamente influente na Esfera Pública para que o urbanismo sofra a influência imediata de sua postura; não há “vontade política” que o sustente ainda, apesar do (plausível?) crescimento do Partido Verde, ou da Questão Verde, nos demais partidos, ou em grupos autônomos suficientemente influentes quanto estas iniciativas.

Moradia, Educação, Trabalho, Lazer, Religiosidade, etc. isto é, o SENTIDO DO LOCAL depende(m) de prédios, ou - ao menos - de espaços apropriados que os acolham:

...”O espaço habitado transcende o espaço geométrico”...”A casa é um corpo de imagens que dão ao homem razões ou ilusões de estabilidade. Incessantemente reimaginamos a sua realidade: distinguir todas essas imagens seria dizer a alma da casa; seria desenvolver uma verdadeira psicologia da casa”....

”1. A casa é imaginada como um ser vertical”...”Ela é um dos apelos à nossa consciência de verticalidade”...

”2. A casa é imaginada como um ser concentrado. Ela nos chama para uma consciência de centralidade”...

...”podemos opor a racionalidade do teto à irracionalidade do porão. O teto diz imediatamente a sua razão de ser: ele abriga o homem, que evita a chuva e o sol”...”No sótão, vê - se desnudada, com prazer, a forte ossatura do madeiramento. Participamos da sólida geometria do carpinteiro. Quanto ao porão”...”ele é inicialmente o ser obscuro da casa, o ser que participa dos poderes subterrâneos”... (Bachelard, G.; 1957, p. 58, 34, e 35) .

Manifestações amparadas por mitologias; mitologias de Ártemis (a curotrofia de um teto), Apolo (a bela ordem ditada a partir de um sótão), e de Dionísio (num ctônico porão) poderiam ainda ser levadas em conta no contemporâneo imaginário da arquitetura da intimidade?

Como debater Cultura sem levar em conta mitologias e inconsciente?

Se o significado das relações (simultaneamente íntimas, coletivas e públicas) dos habitantes e passantes destes (ou nestes) estabelecimentos vai sendo abalado por novas reflexões e tempo, e especialmente abalado nas questões de gênero, é natural que aguardemos a concretude da visualização desta transformação da construção (da ordem de Apolo?) e da Arte (da ordem de Dionísio?), no acolhimento (da ordem de Ártemis?) fundamental ao desenho do espaço que habitamos.

É plausível que as crianças que venham a nascer nestes espaços (íntimos e públicos) já alterados após prováveis novas reflexões, venham a ser pessoas que poderão desenvolver relacionamentos e comportamentos (íntimos e públicos) bastante diferentes dos nossos.

Melhores? Só o risco e o futuro avaliarão e responderão.

Voltarei a esta mitologia mais adiante.

Quanto (ainda) à intimidade, levando em conta não só as conjugalidades (às novas tentativas contemporâneas, Anthony Giddens em 1992 dá o nome de “relacionamento puro”, que contrapõe ao “amor romântico”, definido como fadado à frustração), mas também os relacionamentos entre os adultos e as crianças (Jurandir Freire Costa assume a mesma nomenclatura em seu livro de 1999 no Brasil) .

Anthony Giddens (1992), se preocupa com as questões de direitos e deveres (ética?), e de expressão de confiabilidade mútua (estética?):

...”A possibilidade da intimidade significa a promessa da democracia:..”

...”Na esfera política, a democracia envolve a criação de uma constituição e, normalmente, um fórum para o debate público das questões políticas. Quais são os mecanismos equivalentes no contexto do relacionamento puro?”...

...”a autonomia permite àquele respeito pelas capacidades do outro, intrínseco a uma ordem democrática. O indivíduo autônomo é capaz de tratar os outros dessa forma e reconhecer que o desenvolvimento de suas potencialidades separadas não é uma ameaça”...

...”A democracia é entediante, o sexo é excitante - embora talvez alguns poucos possam dizer o contrário. Como as normas democráticas apóiam a experiência sexual em si?...” (Giddens, A.; 1992, p.205, 209, 206, 212).

Confiabilidade mútua que supõe a substituição de poder coercitivo por comunicação igualitária (inclusive nas relações que envolvam sexualidade), na transformação da “autoridade” numa “especialização” (quando a pessoa desenvolve habilidades específicas que o outro não possui), o que lhe devolve o significado de “autor” e minimiza (ou mesmo derruba) o de “ditador”.

Chama a atenção o quase “pedido de desculpas” deste autor pela consulta que fez aos “livros de auto-ajuda” para conseguir refletir sobre a evolução do conceito de INTIMIDADE.

Revela o descaso que “a Ciência ” e/ou “a Academia” têm dispensado ao tema da intimidade, e o quanto um pesquisador pode carecer ainda de bibliografia sobre essa questão.

Fui eu mesma procurar “o básico” para compreendê-lo melhor, e “tirar a teima”.

No Dicionário “Aurélio” a definição do conceito de INTIMIDADE é de tal maneira pobre que desisti de citá-la aqui.

Uma das versões do Dicionário “Houaiss” lembra ao menos que ‘intimidade é um fenômeno que pode se referir ao sujeito, à família, ou aos cidadãos’.

o “Vocabulário de Psicanálise” sequer a inclui em seus verbetes!...

Fiquei constrangida...

A transformação que o conceito de “compromisso” vem sofrendo toca a questão da privacidade.

Quando há reflexão, supõe-se que a privacidade de um sujeito tenha com o que alimentar beneficamente sua solitude.

Onde a reflexão tiver dificuldades de germinar (por quaisquer motivos), supõe-se que o risco destrutivo da solidão será maior.

Logo, lembro que solitude e solidão diferem.

A primeira é contingente, e não aprisiona o sujeito.

A segunda é corrosiva para a qualidade de vida emocional, e é encapsulante.

O primeiro de todos os compromissos é privado, e depende da reflexão: acontece entre o sujeito e ele mesmo.

Daí o sociólogo Robert Castel apontar para o pernicioso risco do que ele chama de INDIVIDUALSMO NEGATIVO contemporâneo (o aparente comportamento individualista de um enorme contingente de indivíduos, que não só por falta de talento próprio para isso, mas também pela pobreza da vida educacional-cultural de seu meio ambiente, são sistematicamente privados da oportunidade de construir um essencial universo subjetivo consistente, que aponte neles uma singularidade minimamente consistente).

Temos ou não temos muitos zumbis culturais circulando ao nosso redor, como corpos individualistas, sem uma alma que “banque” esse individualismo?

A prepotente (e suposta) “fria impecabilidade”, autoritariamente direcionada dos mega-espaços pós-modernos só parece reforçá-lo...

Casais ou famílias reflexivos(as) (seja lá o quê solicite e angarie a denominação de “casal” e/ou “família”, diante de nossas novas conjugalidades), e outros grupos humanos reflexivos quaisquer, renovarão seus acordos e sua confiança mútua com provável maior facilidade, e sua privacidade provavelmente será alimentada pela riqueza da privacidade de cada um de seus sujeitos. Plausível!

Essa “espiral de qualidade de compromissos” que se amplia (da maior das privacidades até o coletivo) é o que tem “transpirado” de tantas e múltiplas novas plausibilidades que andam (apesar de tudo!) emergindo, e que dependerão de (novos?) processos decisórios.

A “mídia-ação” tem flexibilizado (para o “bem” e para o “mal”) os conceitos de intimidade e privacidade, e é a primeira vez que este “Ser em Processo de Humanização” que somos tem a oportunidade de escolher, inclusive, ocultar ou expor coisas indubitavelmente íntimas para uma multidão invisível; “virtual”.

Multidão composta por outros sujeitos que provavelmente não se “conhecerá pessoalmente”, o que clama por um jogo altamente arriscado de confiabilidade que até pouco tempo atrás desconhecíamos: estamos assistindo o seu nascimento; poderemos vê-lo se transformar; se desenvolver criativamente...ou falir.

A Rede “radicalizou” essa possibilidade num limite ainda incalculável, e - neste exato momento - milhares de sujeitos individuais e coletivos despem sua intimidade ou sua privacidade (alguns, inclusive fazem o mesmo com intimidade e privacidade inventadas, ou performáticas), colocando-as no limite do risco, dando a elas um simultâneo papel público, sem o apoio de acordos prévios satisfatoriamente seguros de reciprocidade. Como avaliar o resultado deste movimento que envolve homens e mulheres ainda embebidos em patriarcalismos, e que pode estar exibindo um simulacro, um fac-símile de alguma coisa que mereça verdadeiramente o nome de Intimidade?

Navegamos riscos, e a “dupla que não se larga” se nós mesmos, por má fé, não "decretamos" sua separação:

- QUESTÕES DE AVALIAÇÕES ÍNTIMAS = QUESTÕES ÉTICAS;

- QUESTÕES DE PERFORMANCE PÚBLICA = QUESTÕES ESTÉTICAS.

Afinal, o distanciamento corporal-emocional, ou a cisão entre racionalidade-sensibilidade, e ainda a qualidade duvidosa da capacidade de comprometimento com relação à Intimidade (tidos pelo senso comum como “conflitos tipicamente masculinos” ou patriarcais), incluindo tanto a Intimidade consigo mesmo, quanto a Intimidade com o Outro, chega a ser comentada pelo cidadão comum em muitas filas de banco; ”caiu na boca-do-povo”, popularizou-se; beira o tolo senso comum...

A questão da dificuldade patriarcalista-masculina quanto a intimidade chega até a ser motivo de piadas e textos humorísticos diversos (bastaria uma consulta à obra de Luis Fernando Veríssimo para obter uma verdadeira “aula” sobre isso).

Há também uma similar limitação asséptica (patriarcal), e vocacionada à possibilidade da “mera representação de papéis”, no serviço que a Rede proporciona à sua amostra (por exemplo, o volume de indivíduos que adota personagens, e que “se identifica” através de perfis fictícios – logo, simulacro de perfil - para o “bem” e para o “mal”, na REDE).

Mesmo que se alegue ser apenas “uma reprodução previsível da proposta narcisista, egoísta dos relacionamentos contemporâneos em geral”, ou que se alegue ora “ser só uma inocente atividade lúdica”, ora "ser o melhor dos esconderijos para o crime", por tudo que já levantamos até agora, fica claro que - em primeiro lugar - o perfil solipsista da arriscada perversão embutida nesta proposta internética “faria o gosto” do caldo cultural patriarcalista, sim!

Caldos culturais patriarcalistas ficam muito satisfeitos com assepsia aparente, com simulacros, com solidão, com “relações-de-mentirinha”...(e - porque não - com o crime).

Onde e como delimitar a fronteira entre o humor, a mera performance, e a perniciosa fraude maliciosa?

Logo, se nos basearmos no que dissemos acreditar até esta linha (eu e os demais autores que me amparam), alguma novidade deve ser introduzida também nesse (ainda) novo jogo relacional nos próximos anos em nome de sua sobrevivência, pois - senão - estará fadado ao mesmo fracasso do patriarcalismo como um todo.

Patriarcalismo: ele mesmo um insustentável simulacro de Poder?

Deixo a pergunta, mais uma vez, por provocação, no ar.

A utopia PLAUSÍVEL que (com otimismo e sem pressa alguma) comungo com alguns autores talvez esteja no exercício do triunfo da capacidade reflexiva sobre os percalços das minúcias da superficialidade da realidade cotidiana, íntima e/ou pública; exercício que qualifique ainda melhor a autonomia e processos decisórios.

É como se essa capacidade de reflexão compensasse a lida com os obstáculos da ordem do prosaico real, reequilibrando alguma confiança no Sentido de existir.

Pois, se nosso destino, trágico por natureza, estiver comprometido com o exercício de REFLETIR, o passado e o presente mostrariam que nossa fugaz passagem por aqui é vocacionada a PLAUSIBILIDADES.

Já a tal “FELICIDADE”, seria “pedir demais”, não é mesmo?...

...”A dialética das felicidades e das dores nunca é tão absorvente como quando está de acordo com a dialética temporal.”...”Reviver o tempo desaparecido é assim aprender a inquietude de nossa morte”...”Nossa história pessoal nada mais é assim que a narrativa de nossas ações descosidas e, ao contá-las, é por meio de razões, não por meio da duração, que pretendemos dar-lhe continuidade”... (Bachelard, G.; 1936/1988, p.38).

A utopia da Psicanálise - (não mais compulsoriamente relegada à prática clínica, mas assumida como ótica integrada definitivamente ao Pensamento em processo de humanização, e à conseqüente Prática responsável da aplicação desse Pensamento à alteridade) - talvez dê o braço às utopias da Sociologia, agora.

...”a narrativa sociológica não era ‘por direito’ superior a outras narrativas, pois tinha que demonstrar e provar o seu valor e utilidade pela qualidade de seu produto. Eu, por exemplo, me lembro de ganhar de Tolstoi, Balzac, Dickens, Dostoievski, Kafka ou Thomas Morus muito mais insights sobre a substância das experiências humanas do que de centenas de relatórios de pesquisa sociológica”...”O que aprendi com Borges? Acima de tudo, aprendi sobre os limites de certas ilusões humanas”...(Bauman, Z.; Caderno MAIS! Folha de São Paulo, 2003, pág. 9).

Preza (como a Sociologia) a aplicação dos fenômenos íntimos de um emergente Sujeito, não só amante da alteridade refletida (ÉTICA), mas também dono (e exibidor) de estilos existenciais (ESTÉTICA) nas minúcias do convívio coletivo da realidade cotidiana.

...”Dialogar não é fazer acordos (retóricos) fáceis, mas tentar uma abertura entre os grupos a partir de questões concretas”... (Gebara, Ivone; 1997, p.23; negrito entre parênteses meus).

Para exercer essa utopia, a psicanálise se re-vocacionará à plausibilidade, de novas reflexões (sobre as "novidades do mundo"), e de novas ações (não se restringindo mais aos consultórios) após um período de teorização retórico, que beirou a esterilidade de (talvez vaidosamente) se supor mais um “discurso verdadeiro” (o que já foge ao nosso assunto nesse texto).

Michel Maffesoli foi além da mediação entre dualidades, ao propor (a partir de muitos autores anteriores) uma “sensibilidade da razão” em seu apelo a novas maneiras de pensar a Sociedade, o que – aliás - Gaston Bachelard também já oferecia ao Pensamento nos anos 30:

...”Quase sempre se confunde a ação decisiva da razão com o monótono recurso às certezas da memória. O que sabemos bem, o que experimentamos várias vezes, o que repetimos fielmente, facilmente, calorosamente, dá uma impressão de coerência objetiva e racional. O racionalismo tem então um gostinho escolar.”...”para pensar, quanta coisa há primeiro que desaprender! E então, virar o racionalismo do passado do espírito para o futuro do espírito, da lembrança para a tentativa, do elementar para o complexo, do lógico para o surlógico, eis algumas tarefas indispensáveis para uma revolução espiritual.”... “Em suma, é preciso devolver à razão humana sua função de turbulência e de agressividade. Contribuiremos assim para fundar um surracionalismo que multiplicará as ocasiões de pensar”...”a sensibilidade e a razão serão devolvidas, uma e outra, juntamente à sua fluidez. O mundo físico será experimentado em novos caminhos. Compreenderemos de outro modo e sentiremos de outro modo.”...(Bachelard, G.; 1936/1974, p. 6; sublinhado meu).

O “desenho” de suas propostas é ESFÉRICO, é urobórico (começa e acaba nela mesma, o que suporia submeter razão e sensibilidades a renovados diálogos e, o resultado disso – reflexivamente - a constantes revisões), embora não autofágico (não come “o próprio rabo” ou a si mesma; só se revê para responsavelmente se renovar):

...”No caso, trata-se de dar ao termo estética seu sentido pleno, e não de restringí-lo ao que diz respeito às obras de cultura ou a suas interpretações. Mostrarei que a estética difratou-se no conjunto da existência. Nada mais permanece incólume. Ela contaminou o político, a vida da empresa, a comunicação, a publicidade, o consumo, e - é claro - a vida cotidiana.”...”A partir de então, a arte não poderia ser reduzida unicamente à produção artística, entendida aqui como a dos artistas, mas torna-se um fato existencial. ‘Fazer de sua vida uma obra de arte‘ , não se tornou uma injunção de massa?“... ( Maffesoli , M.; 1996, p. 12; sublinhado meu).

ESFERA pública, por exemplo, passa a ser, a partir daí, uma curiosa denominação, tendo seu significado ampliado, metaforicamente ou não.

E acrescento meu “Sim”, em resposta ao autor.

Fazer de conta que não vivemos numa sociedade de massa, que transpira uma cultura de massa, seria patético... Adoraria morar, por exemplo, no Sítio-do-Pica-Pau-Amarelo; mas é AQUI, no MUNDO, que estou...ou ao menos pareço estar.

Sua proposta (que não é nova, mas bem lembrada) é plausível, principalmente quando vemos a razão sensibilizada da sociedade civil global (através de Movimentos Sociais e Ongs que se multiplicam, por exemplo) desenhar uma esfera pública transnacional, que prova a plausibilidade de uma governabilidade (ou governança) global, a plausibilidade da sustentabilidade da busca de uma progressiva (por que não “BELA”) cidadania planetária, no ESFÉRICO PLANETA.

D. Held e A. McGrew (2000) afirmam que os globalistas social democratas (ora, ora!) buscam uma nova ética global que inclui o “dever de cuidar” como o melhor dos freios aos efeitos nefastos da globalização econômica, onde a eficiência econômica transformar-se-ia num enorme nada, se não estiver aos serviços da segurança humana.

Prefiro lembrar Hannah Arendt, que descrevia nosso destino trágico como se fôssemos transeuntes de um caminho que já nascia dividido entre duas datas: a de nossos nascimentos e a de nossas mortes.

Transitaríamos, sem parar, esse nosso fugaz tempo pré-limitado, entre muitas outras dualidades (essência e aparência, bem e mal, natureza e cultura, vinganças e perdões, etc.).

Enquanto transitássemos, nos expressaríamos por mais duas dessas dualidades: pelo DISCURSO e pela PRÁTICA.

O prumo, o equilíbrio plausível para suportarmos esse trânsito, a angústia frente tantas dualidades, e qualificarmos melhor nossa expressão, nesse nosso comum caminhar, seria dado por um terceiro elemento: pela RESPONSABILIDADE; só a inclusão desse TERCEIRO ELEMENTO nos nossos recursos expressivos nos daria o merecimento de assumirmos nossa CONDIÇÃO HUMANA.

Como o faríamos sem refletir?...

Segundo a utopia plausível de mediação de J. Habermas (2002), a Mídia, que sequer sobreviveria sem renovações sistemáticas na ética (ética pode "respirar" modernidades!), e/ou sem o exercício da estética, vem ganhando cada vez maior poder, não só por sua associação ao poderoso Mercado, mas também porque tem sido a instância encarregada de fazer a preciosa mediação (“mídia-ação”) entre o “Mundo da Vida” (nós e nós mesmos, a família, os amigos, as instâncias da vida íntima), e o “Mundo Público” (Estado, Mercado, Partidos, Religiões, Escolas, instituições privadas ou governamentais, etc., as instâncias da vida pública).

Até poucos anos atrás, a História da Humanidade nem falava do “Mundo da Vida”, e este ficava cada vez mais desconectado do “Mundo Público”; seus relatos hibernavam nas cavernas das entrelinhas...

Por outro lado, a vontade política do “Mundo Público” depende do fluxo de opiniões, da formação de opiniões, nascidas no "Mundo da Vida", que poderão - ou não - gerar formação de novas vontades, e alimentar posteriormente de poder essas vontades.

Esse fluxo, essa formação, essa informação precisam vir do “Mundo da Vida”.

Assim, os dois lados precisavam de alguma transformação para sobreviver: o “Mundo da Vida” precisava de conexão para se alimentar de voz e democracia (os cidadãos vão renunciando à sua participação crítica e assertiva na esfera pública para se tornarem meros “clientes”!), enquanto o “Mundo Público” precisava perder o duvidoso e instável significado de “definidor autoritário de discutível democracia”.

Lembro, mais uma vez, a importância da reflexão, pelo exemplo da Alemanha nazista: democracia NEM SEMPRE é sinônimo de expressão de um “BOM” desejo da maioria...

Em tempos de sociedade e cultura de massa patriarcalistas, se a maioria NÃO É AUTÔNOMA, e se há “Papais-do-povo”, que supostamente “sabem-o-que-o-povo-quer” por perto, HÁ PERIGO NO AR...

Não-autônomos patriarcalistas são bebezinhos loucos por um “Papai-sabe-Tudo”...

A Mídia, com toda a crítica que eventualmente se possa fazer (e manter) ao seu exercício, (o que não cabe discutir aqui), foi conquistando a responsabilidade de ser a ponte para o diálogo, ou o “Arco-Íris mitológico”, possibilitador desta interatividade.

Algum “espaço de luta” sempre existiu entre “os dois mundos”, mas a discussão freqüentemente ia para o constrangimento e esvaziamento que ocorrem quando falta continência reflexiva.

Lembremos o sem dúvida “belo” trabalho da cineasta preferida do nazismo, Leni Riefenstahl, ou as insuportáveis musiquinhas “eu te amo, meu Brasil, eu te amo”, ou “esse é um país que vai prá frente”, que nos são, infelizmente, tão familiares...

Quaisquer carros parecem melhores se os(as) motoristas são competentes e responsáveis.

Os(As) motoristas desses carros, agora, somos nós!

Comungamos com o Habermas, J. (2002) que crê que democracia qualificada só se faz a partir de uma cidadania autônoma; o Terceiro Setor (apesar de seus inevitáveis e eventuais humanos “pecados”) ainda é um dos melhores exemplos de nossos exercícios de ensaio e erro em busca dela.

Terceiro Setor “de verdade”, por definição, não quer PODER; quer voz para DIÁLOGO. O fato de existirem ONGs fraudulentas, não invalida o SENTIDO de ter emergido o Terceiro Setor...

Quanto mais se falou do Terceiro Setor num espaço “midiado”, mais ele se ampliou pela mediação dos debates suscitados.

A Política e o Mercado convencionais também lucraram, pois ganharam com quem compartilha responsabilidades, votos e consumidores melhor qualificados. Acolheram e apoiaram o Terceiro Setor na mídia não por “bondade desinteressada”, mas como investimento em sua própria popularidade...e funcionou: ganhamos todos.

“Espaço Público” e “Esfera Pública”, como Conceitos pertencem a J. Habermas.

A respeitabilidade que o tema da Ecologia (por exemplo) ganhou, a partir da mediação exercida entre a voz do “Mundo da Vida” e o “Mundo Público” pela Mídia, TEM levado a uma legitimidade institucional cada vez maior, que tem beneficiado imensamente os “dois mundos”.

O “Mundo da Vida” o desejou, e começou a cobrar do “Mundo Público”, de um tempo para cá, alguma demonstração de interesse, vontade política, TAMBÉM sobre as masculinidades.

Água mole em pedra dura, foi iniciada a veiculação, na mídia, da questão “Universo das Masculinidades”. A mensagem do Mundo Íntimo chegou ao Mundo Público, e já começa a ecoar a resposta de volta ao Mundo da Vida.

Esperemos que o movimento midiático que agora chama a atenção para as questões do masculino (recorrentes matérias jornalísticas, programas televisivos sobre o masculino, renovação de ótica e abordagens diversas em propostas publicitárias, propostas e apoios do avançado atual Ministério da Saúde brasileiro, filmes, peças de teatro, etc.), atinja o mesmo sucesso gradual conquistado pela questão “Universo da Ecologia”, para benefício do “Mundo da Vida”; para que nossos meninos, especialmente os de sexo masculino, sejam salvos do filicídio; sejam melhor “preservados”...

Indivíduos ou coletivos quando são (ou estão) imersos nas inevitáveis humanas dualidades, SEM RFLETIR SOBRE ELAS, SEM SE RESPONSABILIZAR POR ELAS, costumam supor que “o Mundo da Vida” e “o Mundo Público” estão “resolvidos”: as coisas são “boas” ou “más” , ou “certas” ou “erradas”, “virtuosas” ou “pecaminosas”, e assim por diante.

Isso não só NÃO alimenta a reflexividade, como os distancia dela, mantendo (ainda a maioria?) num aparente “conforto intelecto - emocional”, ou TORPOR irresponsável.

Nosso inconsciente tende à infantilização, logo à irresponsabilidade; para se tornar responsável, há que se “comer muito feijão-com-arroz reflexivo e de ações responsáveis”, e crescer, amadurecer.

Há muitos comendo e amadurecendo, felizmente!

A ação da mídia, deflagrada por núcleos humanos de resistência ao conservadorismo que emergem na ESFERA Íntima, vem “reeducando” o cidadão comum menos reflexivo (boas campanhas de saúde inclusive referente especificamente a seres nascidos com sexo masculino, meio ambiente, ou a flexibilização de comportamentos na direção da maior tolerância ao Outro). Mas não só ele.

A ação dos cidadãos e consumidores reflexivos também “reeduca” à ESFERA Pública e a própria mídia, lenta e gradualmente, pela MEDIAÇÃO entre o que emerge do íntimo e o que chega – por exemplo - ao Mercado, como reação: foi criado o Direito do Consumidor, há campanhas contra a programação televisiva grosseira ou violenta, assim como contra campanhas publicitárias identificadas pelo público como hipócritas.

Enquanto um INTERFERE no OUTRO, instala-se, mais uma vez, um TERCEIRO ELEMENTO, o DIÁLOGO.

Ao final de maio de 2003, Edgar Morin participou, ao lado de Jean Baudrillard e Michael Heim da conferência “A subjetividade na cultura digital - O Eu em Rede”, no Centro Cultural Cândido Mendes no Rio de Janeiro, definindo - por exemplo - o que chamou de “planetarização subjetiva” e “planetarização objetiva”.

Segundo o palestrante, a planetarização objetiva é quando você percebe que tudo à sua volta está globalizado (frutas do Brasil, roupas da China, toca-fitas japonês, etc.).

A planetarização subjetiva se refere a poder receber influxos do “Eu” vindos de todo o planeta via Rede; a realidade virtual seria um paradoxo em si, porque o virtual é realizável, mas nunca realizado; mas o verdadeiro paradoxo viria do fato de que estamos acostumados a falar só de uma realidade, aquela apreendida pelos sentidos.

Esta realidade virtual, para ele, é fruto do espírito humano e não do cálculo digital; a inserção no mundo dos “bits” leva a criar um “duplo espectral”, um “ego virtual”.

Ainda segundo o palestrante, somos, eventual e infelizmente, também “máquinas triviais”, mas é nossa consciência que nos torna “máquinas não-triviais”, e a potencialidade é nos libertarmos do determinismo através do “estado poético”, o “estado das paixões”, o “estado das emoções”.

Tão freqüentemente injustiçados com a conceituação de “estados doentios”, ganham neste caso, de Edgar Morin, o status medicamentoso...

Viver poeticamente seria a resposta da subjetividade aos riscos da inadequação tanática (sempre presente) deste não necessariamente admirável “novo mundo novo”.

Da criação do folhetim (sem o qual a construção da Revolução Francesa teria sido bem mais difícil), passando pelo sucesso das páginas policiais jornalísticas, até a popularização dos “sites” ou páginas internéticas - hoje já consultadas por muitas crianças de nossa rede pública -, e a proliferação dos “blogs” (a página internética da pessoa física, ou - quem sabe? – o filé mignon de uma “estilística internética”), desenvolvemos a tessitura do que hoje podemos chamar de mídia-ação, cada vez mais atuante, agente consciente de mediação.

O próprio folhetim não só não morreu, como - dependendo da audiência que conquiste (o que pode hoje ser medido simultaneamente à sua exibição) e do caráter da equipe responsável por ele - pode mediar, com dignidade, assuntos do real interesse da comunidade, colaborando com o diálogo entre “o Mundo da Vida” e “o Mundo Público”, ao atingir um público numericamente e qualitativamente fabuloso; o exemplo do momento é o debate sobre os rapazes apelidados de “pit-boys” (sim, a questão não seria exclusividade dos rapazes, mas os atingiria em particular, como sempre!), e especialmente a relação dessa geração (sob a síndrome do individualismo negativo?) com seus pais e professores.

Curiosa “Sincronicidade”: registro que, no Caderno Mais! da Folha de São Paulo de 18 de maio de 2003 é publicada uma matéria de Ciência, assinada por Connor, S. e traduzida por Allain, C. cuja “chamada” afirma que:

...”Russo (Grigori Perelman do Instituto Steklov de Matemática de São Petesburgo) afirma ter solucionado um dos problemas matemáticos mais elusivos do milênio; trata - se da conjectura de ( Henri) Poincaré ( 1854 - 1912) , concebida no século XIX , que sugere que todas as formas da geometria podem ser reduzidas a esferas e roscas.“... (Connor, S.; 2003; sublinhado meu).

A imagem da ESFERA parece familiar ao universo feminino: esféricos dionisíacos glúteos para a sedução, esféricas barrigas da responsável apolínea maternidade, esféricos seios para o acolhimento artemisiano em outros múltiplos momentos.

A imagem da esfera continuaria parecendo ansiógena para o contingente masculino? Para o patriarcalismo em crise?


Já que a próprio Pensamento clama pelo Olhar Poético, logo para o Olhar Mitológico, voltemos, finalmente, para a mitologia que me atrai como reflexão para nossas questões.

Falar de ética, estética, cultura, e mesmo dos produtos da (bárbara?) indústria cultural sem sermos guiados pela mitologia de Apolo e Dionísio, seria impossível. Não mais deuses, mas ainda arquétipos, são identificados como caminhos paralelos para que se alcance a energia criadora.

As duas versões do mito unem Apolo e Dionísio como dois modos de um só evento, combinando a forma apolínea (a lira) e a força dionisíaca (o oceano)...(Pense-se também, ainda em contexto grego, nas lendárias harpas eólias, tocadas pelo vento.)”...”As notas musicais são os delfins desse oceano sonoro: pontos de apoio e de referência, sinais de inteligência no vasto domínio do indiferenciado”...(José Miguel Wisnick; 1989, pág 66).

Onde houver alguém falando de Arte ou de criação, lá estará alguém se reportando à dupla; o Teatro adotou suas imagens, suas máscaras, como símbolo: o nascimento da Tragédia (ou, como prefiro, do tragicômico).

Mas não só o Teatro:

...”uma longa tradição ligue simbolicamente a música ao mar, e alguns mitos gregos formulem de maneira eloqüente o caráter oceânico do som: Arion, prisioneiro de marinheiros que querem atirá-lo às águas, pede para entoar o seu próprio canto fúnebre, acompanhado da sua lira, e em seguida se lança por conta própria ao oceano onde os golfinhos, delfins de Apolo, atraídos pela música, o salvam; Dionísio, preso nas mesmas condições, transforma os piratas em golfinhos, condenados para sempre a salvar os náufragos”...“o músico é capaz de dominar as forças informes do inconsciente, fazendo - as atuarem a seu favor; a música é um rito de passagem em que o sujeito se lança à morte (escolhendo por um artifício onírico, diria Freud, aquilo que não tem escolha) e renasce dela. (José Miguel Wisnik; 1989, p. 66).

Mas parecemos começar a perceber que a dupla "não basta"; que fica faltando alguma coisa, algum TERCEIRO ELEMENTO que parece presente, mas oculto, algum ingrediente, no ”milkshake” de inquietude e resignação da Arte (ou da criação), supostamente regida apenas por Apolo e Dionísio, que pareça vencer com maior eficácia a cicuta falocrática (da ganância por poder, da violência, da truculência, da indiferença) que é - também - oferecida diariamente aos seres em processo de humanização.

...”Caio num subterrâneo e não saio mais, nunca mais saio. Nunca mais no Masculino. Já falei: o Masculino não é nada. Ele segura a força, mas me envolve na força. E para o exterior é uma palmada, uma larva de ar, um glóbulo sulfuroso que explode na água, este masculino, suspiro de uma boca fechada no momento que se fecha”...”Desse enorme bramido de mastim, o rosto feminino é fechado, acaba de se afastar”... (Artaud, A.; 1986, p.81).

Fica faltando o terceiro esteio do tripé mitológico: Ártemis, a deusa curotrófica, gêmea de Apolo, e ctônica como Dionísio, sempre presente onde estão os dois, “dando liga” com seus próprios mitos aos mitos dos outros dois, igualmente portadora de máscaras em seus (performáticos?) ritos, como nos dos outros dois.

Cuidadora piedosa por excelência, especialmente das instâncias e seres nomeados como pertinentes à ordem da Natureza e encarregada dos principais ritos de passagem da adolescência para a vida adulta, o que pode ser interpretado também como o ("rito do") processo de amadurecimento dos seres em processo de humanização, ou ainda da permanente “viagem” pelas fronteiras entre a Natureza e a Cultura.

Cuidadora da distinção entre agressividade ou indignação “justa”, sem hipocrisias (ou simplesmente humana) e a violência vazia de Sentido.

A plausível face feminina acoplável à dupla mitológica Apolo/Dionísio tem sido falocráticamente esquecida, ocultada, sepultada, como se fosse possível ao ser em processo de humanização “transitar os infernos” da inquietude criadora sem a “condução” de Eurídice, de Beatriz, de Margarida: manifestações simbólicas secundárias (ou posteriores máscaras metafóricas) da Ártemis piedosa.

....”Quando Orfeu desce rumo a Eurídice, a arte é a potência na qual a noite se abre. A noite, pela força da arte, o acolhe, torna-se intimidade acolhedora, entendimento e acordo da primeira noite. Mas é rumo a Eurídice que Orfeu desce”... (Blanchot, M.; 1955 / traduzido por Angela Leite Lopes em 1986, p.9).

Dionísio, graças à sua dubiedade mitológica, arcou com a referência mitológica "feminina" ao longo do incremento da per-versão patriarcalista e falocrática. Patético: até para divagar e se referenciar mitologicamente, a falocracia preferiu substituir a interferência de uma face feminina por uma dúbia , mas que supostamente continuasse a "lhe" pertencer!

É compreensível (por exemplo) que um homem da idade de Alain Tourraine (fruto de uma geração específica) coloque como Projeto Pós-Moderno a expectativa da maior emergência de uma coisa que ele chama de “atores sociais femininos” (como vimos num texto anterior), certamente sem se referir necessariamente a mulheres, mas sob a “natural” influência de simpatias pelos resultados de longuíssimo prazo do feminismo e seus movimentos secundários/paralelos. Ou que Elizabeth Badinter, por um breve período de pesquisas e teorizações, tenha interpretado a possibilidade de "mudanças" como uma caminhada para uma espécie de "androginia" dos casais , período que ela superou em seu livro seguinte específico sobre as masculinidades, após aprofundamento de reflexões.

Na verdade, o que poderá um dia transmutar as per-versões falocráticas, patriarcalistas, para OUTRA COISA, mais qualificada e digna de nossa CONDIÇÃO HUMANA, será a emergência de atores sociais masculinos reflexivos de si próprios: mas um “MASCULINO COM REFERENCIAL MASCULINO”, TÃO AUTÔNOMO QUANTO O FEMININO, E COM RENOVADO PROJETO PRÓPRIO, que tenha (re)construído assertivamente seu próprio referencial sobre o conceito de feminino e / ou de Outro.

Estas “entidades” apolíneas / dionisíacas / artemísias não são mais os nossos deuses (mesmo para os que praticam atividades religiosas neo-pagãs como os membros da Wicca, a relação com estes “deuses” não é nem de perto semelhante a dos gregos da antigüidade), mas são ainda referenciais inegáveis da construção de nossa subjetividade, e só não o “vemos” melhor, por raramente praticarmos alguma espécie de “arqueologia genética da tradição de construção de nossos saberes” nos dias de hoje, o que é uma pena...e um perigo...

É impossível desenvolver uma suculenta discussão psicológica, antropológica ou sociológica sem procurar em algum momento o amparo desse referencial.

Não refletir sobre isso, a partir de agora, poderia significar assumir uma postura pateticamente ingênua de que “a contribuição do feminismo é que resolveria as questões masculinas”.

A emergência do feminismo provocou, na verdade, uma das grandes “viradas” para novas maneiras de ver a existência e a convivência na existência; interferência forte o suficiente para provocar a emergência de outras Questões (lembro, com maiúscula).

Entre estas, as conseqüências da per-versão patriarcalista / falocrática, o que inclui todas as hipóteses que já levantamos, em tantos textos, sobre o ônus que acaba recaindo sobre os ombros do contingente masculino.

Seria fundamental a re-inclusão da reflexão assumida sobre o significado do mito de Ártemis, neste plausível tripé mitológico, para que curiosamente caracterizássemos (ao menos na face mitológica da reflexão de gênero) que o feminino se discute a partir de seu referencial específico (ótimo!), mas que o masculino tem também sua cota própria mitológica, e que - logo - é ancestralmente autônomo para discutir suas Questões. Se uma coisa ganha lugar, o lugar das outras fica mais claro!

Ritos, sem a sustentação do mito, viram folclore; mitos que não sejam ritualizados, viram lendas.

Sem sustentação de Mito, ficamos sem sustentação metafísica: resultado, a barbárie.

Sem o exercício do Rito, ficamos sem o exercício do desenvolvimento cultural: resultado, nossso processo de humanização segue sempre sabotado, capenga e preguiçoso.

Caso este tripé mitológico voltasse a conquistar alguma espécie de “ritualização” (reflexões, pesquisas, estudos, sistemáticos, poderiam ser perfeitamente considerados “rituais”!), na medida em que teoricamente agora já temos a informação do valor de tudo isso, talvez o lugar de todos os valores ocultados ou sepultados pela falocracia reinante poderia se arejar e se renovar.

Um exemplo: o Humor. Ele se ampliaria, (re) conquistando seu papel de agente de alguma espécie de “reforma agrária do choro e do riso”, se fosse tratado com a mesma “nobreza” dedicada costumeiramente à tragédia, e não como um agente reflexivo e/ou informativo, e/ou formador “de menor importância”; às vezes tolerável, mas “não tão nobre”.

Não sou a primeira a pensar e a apostar nesse tripé.

O psicanalista Edward Whitmont (em 1982, outra leitura que recomendo), ao alertar para a gravidade de Apolo ter subido ao poder, enquanto Dionísio era gradualmente rejeitado e reprimido, e Ártemis era oculta “embaixo dos tapetes”, faz bem mais que uma metáfora para as seqüelas (per-versões) da modernidade.

Nossos inconscientes não suportam mais o silêncio forçado: os “gêmeos nietzscheanos” Apolo e Dionísio, os gêmeos por nascimento Apolo e Ártemis, os ctônicos cúmplices Dionísio e Ártemis, a Angústia dos seres em processo de humanização exposta em suas inevitáveis dualidades, não toleram mais a já limitada máscara compulsória de suposta mera "rivalidade entre Apolo e Dionísio"...

Artaud (e MUITOS outros!), como vimos, queria uma criação, uma Arte, com algo mais que "os latidos de mastins"...

RECOMENDO, claro, A PESQUISA DOS MITOS dessas três entidades aos interessados (se eu os reproduzisse aqui, o texto ficaria interminável).

Não sou Junguiana, mas não sou estúpida a ponto de desprezar certas reflexões acima de tudo humanistas, com chaves antropológicas nas mãos...


Por isso proponho uma “entidade arquetípica” para nossa ética estilística de existência pós-moderna, de dupla função: os “trágicos clowns”.

Deuses e Significados, Apolo (a cultura, a limpeza, a impecabilidade, o rigor), Dionísio (a natureza, a sujeira, o “pecado”, as contradições, o desespero e a gargalhada, a crítica) e Ártemis (a alteridade e sua compulsória compaixão, as transições, a tradução, a responsável condução no “trânsito” vital) eram (são !) ritualizados com máscaras.

Clowns usam (“são”) máscaras.

A máscara tradicional clownesca “COMPLETA”, por enquanto DUAL, à qual nos acostumamos, depende sempre da(s) dualidade(s): comédia e tragédia.

São necessárias ao menos as duas para que “o ator emerja” no teatro; as duas ligadas, associadas, costuradas.

Costuradas?... Mas com que “linha”?

Talvez a “linha” de UM TERCEIRO ELEMENTO, um terceiro mito, mantido “oculto”, num subtexto velado: o “mito” do olho que transita entre as dualidades, cuidando delas, costurando-as para que tenham (aí sim!) SENTIDO.

Porque não observar o mesmo quanto os novos (não só femininos) “atores sociais” ?

Será que só mediante a liga entre as dualidades “o teatro-da-vida acontece”?

Porque não re-construir a “cena gerúndica e esférica” (como nas arenas das tragédias e dos circos) o que poderíamos experimentar, incrementando com essas reflexões nosso processo de humanização?

Cabe lembrar: TEATRO , em grego, significa “O LUGAR (de) ONDE (melhor) SE VÊ”...

Ártemis: a da alteridade, da curotrofia, da piedade, do senso de justiça, do poder de transitar da “infância” para a “maturidade”. Uma possibilidade de tradução da tradição. Do urobórico não autofágico.

A (re) inclusão do significado deste segmento do tripé mitológico ainda tão próximo de nossa estética, e também de nossa ética, reconstituiria a “máscara-de-fato-completa” (ou hipercomplexa, como prefere Edgar Morin) fruto de reflexão, que é montada “por dentro”, (na intimidade, uterinamente) não mais para “ocultar” o que quer que seja, mas como um renovado ritualístico recurso de linguagem, de diálogo sobre dores, críticas e conseqüente riso; o riso daquele que cria porque aprendeu a sair do “ou-isso-ou-aquilo”, que aprendeu a rir SIMULTANEAMENTE se apiedando do Outro; daí ser riso compartilhável.

Como uma trágico-clown entidade: que discursa e chora, que age e gargalha, que sente e abraça a si mesmo e ao Outro, para a vida valer a pena.

A utopia plausível da Estética “casada” com a Ética.

Hannah Arendt diz que frente às dualidades “necessidade X liberdade”, e/ou “futilidade X realização”, e/ou “vergonha X honra, que por sua vez transitariam na dualidade maior “Íntimo” X “Público, surge uma contraposição: o que chamamos “Bondade”, que – embora habite apenas o privado (pois, se é tornada pública já não é mais Bondade!) “chacoalha” as dualidades onde quer que elas estejam.

Bondade, que teria um poder de resistência ao conservadorismo imensurável.

Para sua “mitologia particular”, como católica por opção burocrática (e compreensíveis motivos históricos), Hannah escolhe, para representar a Bondade, a figura de Jesus.

Se é que esta "pessoa" (Jesus) existiu, quem sabe seu maior avanço revolucionário fosse portar, avant la lettre, a dupla máscara clowntrágica, já devidamente “costurada” pela curotrofia artemisiana?

Se é apenas mais um belo Mito, é posterior aos de Apolo / Dionísio / Ártemis, afinal.

Urge que TODOS os seres em processo de humanização assumam sua agora hipercomplexa / tripla e simultânea face (máscara) clowntrágica para:

- Dar passagem à emergência dos tais novos atores sociais; (o novo ator social que espero é o Ser Nascido com Sexo Masculino, como já justifiquei em textos anteriores);

- Dar passagem a uma Ética casada com a Estética, "casamento" realizado por um TERCEIRO ELEMENTO dialógico, que provoque uma "respiração" de melhor qualidade no espaço ainda não nominado ENTRE o Mundo Intimo e o Mundo Público, e dentro de cada um desses universos humanos.


Para os seres em processo de humanização do sexo masculino a urgência pode significar a sobrevivência de seus (de nossos!) descendentes, para que sejamos capazes de “atravessar as fronteiras político culturais”, que têm não só distanciado os homens das mulheres, mas (falocrática, homofóbica, fetichista, reificada, e arriscadamente) os homens de seus iguais.


Ilustração: FRANK STELLA - Squared with Colored Grounds Series -1980


9 comentários:

Aidinha disse...

Christina Montenegro


Agradeço sua visita pelo “Curso Livre”.
Foi para mim uma surpresa agradável.
Fui dar uma breve navegada pelo seu “Curiosa Identidade” e antes de tudo, quero saudá-la.
Que menina estudiosa e cheia de talento!
O que você já estudou e realizou, há que ser respeitado.

Costumo dizer aos jovens com quem
convivo, que uma das duas melhores
coisas da vida é o saber.
Quem não teve a felicidade de poder
estudar e não fez essa descoberta,
perdeu muito dos prazeres da vida!

Você, uma moça preparada, deixando ao nosso alcance postagens carregadas de conhecimento, soma
a esta mídia tão utilizada exatamente na direção contrária, o que lhe falta.

Por essa razão, acho muito mportante o uso dos Blogs, porque são espaços democráticos, aos quais chegamos, para neles deixar alguma coisa, ou dali retirar muito, como no caso do seu.
A partir de amanhã vou ficar por lá um bocado de tempo, para aprenderum pouco do muito que você nos ensina.

Christina, obrigada.

Beijo
Aidinha

E.T. Este mesmo comentário, postei no Curso Livre, agradecendo, porque respondi a todos que me deram a honra de estar por lá comigo.

Giacomelli disse...

Foi por acaso, também, que descobri esse seu espaço aqui!
O Blog ja tenho há tempo, mas andei afastado, agora estou retomando.
Agora que os sabemos, vamo-nos lendo!

Beijos

Solange Maia disse...

Christina,

Morro de vontade de conversar com você.
Se lendo-a enriqueço, imagine se um dia tivermos a oportunidade de conversar...

Já disse anteriormente que seu trabalho com as Oficinas me encanta. Tenho um Projeto parecido, as enfim... isso fica para outro momento !!!!

Beijo querida, e muito obrigada por me permitir vir por aqui, neste blog tão cheio de riquezas....


Solange

http://eucaliptosnajanela.blogspot.com

Groo disse...

alguns edifícios que mais parecem o simulacro de um “espaço total”, de um “mundo completo”, espécies de “cidades em miniatura”

Achei bastante pertinente esta relação que você faz sobre estes novos espaços e o novo homem. É uma tendência que vemos claramente nos centros urbanos e isso vai criando classes diferentes até mesmo de comportamento diante do mundo e das perspectivas de vida. Vi ecos aqui e ali de Baumann e Adorno e acho tudo isso muito bom. Isso é muito pouco discutido (espaços urbanos e os novos perfis que estão sendo delineados).

Abraços, Cristina!

vote no groo! :)

Valdemir Reis disse...

Olá Chistina que maravilha de texto, realmente um fantastico casamento, gostei da sua alegria, que bom! Cada vez que volto para olhar "CURIOSA IDENTIDADE... ", sinto-me num ambiente muito familiar! Seu trabalho é ótimo, muita riqueza de conteúdo e genuíno! Parabéns. Tb tenho uma filha psicóloga. São Francisco de Assis costumava dizer; "Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível, e de repente você estará fazendo o impossível." Por isso considero a vida uma oportunidade impar. Cada pessoa que passa em nossa vida não passa sozinha, por ser única, deixa um pedaço de si e leva um pedaço de nós. Quero de coração agradecer sua gentileza em visitar-me e deixar um belo comentário; agradeço de coração sua bondade e gentileza. Encontrar-nos-emos sempre por aqui. Obrigadooo!!! Tb quero desejar um feliz e divertido fim de semana. Muito brilho, sucesso e paz. Fique com Deus.
Volte sempre!
Valdemir Reis

Udi disse...

Oi Christina,
Vim aqui conhecer seu blog pois, como te disse, gosto muito dos seus comentários em outros blogs. Bem, estou besta com tanto conteúdo. Sendo bem honesta, não sei se dou conta dessa postagem... terei que voltar mais vezes e com mais tempo para degustar com calma esse trabalho maravilhoso. Parabéns!

TELEMAQUIA disse...

Querida Cristina,

Obrigado pela força! O seu blog também está muito bom, com textos muito interessantes... Seremos seus leitores. ;)

Ainda a respeito da Beleza Negra, encontrámos também a tradução de Alexandra Tavares, pela Europa-América.

Um abraço desde Lisboa,
A Telemaquia

Dona Sra. Urtigão disse...

Estou lendo e aprendendo.

CHRISTINA MONTENEGRO disse...

CHEGOU POR E-MAIL:

Oi Cristina querida!
O título deste capitulo, "O PLAUSÍVEL CASAMENTO DA ÉTICA COM A ESTÉTICA" é ÓTIMO!!!!!!
Vou ler com certeza. Leio td o q vc me manda. Estou craque (não crak...rsrsrsr) no Masculinismo. Parabéns. Espero o convite para a noite de autógrafos. Estou na torcida!!!!
Uma feliz Páscoa pra vc, querida amiga, Gustavo e Telêmaco !!!

Mil bjos,
Nanaia de Simas (Atriz - Sorocaba - SP).