terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

CITAÇÃO QUE INFELIZMENTE FICOU FORA DO LIVRO "HOMEM AINDA NÃO EXISTE - Compartilhando..."


ESPECIALMENTE PARA QUEM JÁ LEU "Homem ainda não existe - Compartilhando reflexões para que ele exista", e viu lá o elogio a Arte/a Comédia/ao Humor e ao Clown desenvolvido ao longo dele:

“Nasci clown e morrerei clown, embora a vida toda tenha sido um mero funcionário público. (Todos os funcionários públicos são meros, quando deveriam ser melros). Sou eternamente grato a um crítico que certa vez me chamou de clown (nem a minha própria mãe me chamou assim) — como sou grato aos que me chamaram de palhaço com segundas intenções ou mesmo com terceiras. Antes de morrer ainda hei de armar o meu pavilhão auricular, isto é, dourado, em todas as praças do mundo e dele partir como um bólido rumo a todas as constelações, pregando a hilaridade e a língua de fora à boa maneira de Einstein e dos enforcados: ASSIM!” (Campos de Carvalho).

E mais, numa entrevista a Mario Prata, onde mesmo as perguntas (e não só as respostas) foram redigidas por Campos de Carvalho:

-“O que significa o humor para você?”

-“Significa o auge de qualquer ficção ou de qualquer outra arte, no sentido de sublimação do sublime, da efervescência do fervor ou da originalidade do original. É um passo à frente de qualquer vanguarda, que se arrisca ao hermetismo da própria linguagem, ao desconhecido, ao inefável. É o caso de ‘Finnegans Wake’, por exemplo, ou do mais nebuloso poema de Mallarmé, cujo humor intrínseco sempre nos escapa (tão-me estranho, tão-me intrínseco) por mais que o tentemos desvendar. É o caso também do extenso poema em prosa ‘Hebdomeros’, de Giorgio de Chirico, cuja facilidade aparente é apenas a maneira que o autor encontrou para melhor se disfarçar e não se expor ao ridículo, que nele é apenas o humor verdadeiro e sutil. Note-se que não estou sequer tentando comparar-me a esses luminares da literatura de ontem, mas apenas tentando justificar meu total apreço pelo humor como forma de arte, mesmo partindo de uma pequena experiência como ‘O Púcaro Búlgaro’.”
Na Imagem, Campos de Carvalho (claro!)

Nenhum comentário: