quinta-feira, 19 de março de 2015


COISAS QUE EU FICO PENSANDO AO OLHAR PARA ESSE QUADRO:

1 - Fico pensando que não é de hoje que muita gente prefere se auto-enganar, se auto-iludir, com a possibilidade de transformar coisas (suas interioridades, inclusive) deixando supostamente a responsabilidade por isso em mãos alheias, e não a partir das suas próprias mãos...

2 - Fico pensando como é curioso esse dueto entre um suposto diagnóstico que nesse tempo, retratado na imagem, se chamava 'hysteria' - nomenclatura que diz respeito a útero - , e a figura emblemática do hipnotizador-homem, espantosamente mais frequente que a de hipnotizadora (aliás, não me lembro de nenhuma...)

3 - Fico pensando no fenômeno espantoso da manutenção dessa nomenclatura patética e também enganadora ainda nos dias de hoje, tanto no meio leigo como no profissional, por mais que o próprio Freud tenha se esguelado para pontuar que homens apresentavam o mesmo quadro (o que as guerras evidenciavam abundantemente já no tempo das pesquisas dele), o que afastaria o diagnóstico dos úteros alheios

4 - Fico pensando no fato de particularmente concordar com a descrição que R.W.Fairbairn (psicanalista ingles de quem sou fã) dá para esse mesmo quadro emocional, apontando-o como - entre outras coisas, claro - 'uma experiência de desresponsabilização por si mesmo'...

5 - Fico pensando no fato de que essa associação de idéias me leva novamente ao primeiro item que abordo, numa espécie de 'eterno retorno'; não necessariamente repetitivo, mas reflexivo...

IMAGEM, Richard Bergh, 'Hypnotic seance'' (1887)

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