sábado, 2 de abril de 2016


                EU AMO A PLURALIDADE HUMANA!

Sou profissional da área da saúde há mais de 40 anos; vivo disso, dependo disso para sobreviver, mas tive uma educação Ética de primeira tanto em casa, quanto na escola, que foi lindamente polida e lustrada na Universidade, graças aos bons deuses, caso eles existam.
JAMAIS deixei de atender alguém pelo que ele pensasse, ou por sua estilística!
Ao longo da Ditadura (comecei a atender no início dos anos 70!) tive clientes militantes, e clientes do exército e da marinha!
Atendi a todos com o mesmo esmero, com o mesmo entusiasmo, com a mesma paixão, e mesmo respeito!
E continuo mantendo meu modesto "amor-ao-próximo" até hoje!
Para não dizer que não tem gente que eu escolhi "não atender", tem sim, mas o não-atendimento era DE ORDEM TÉCNICA: se após as primeiras entrevistas (antes de ser pactuado o início do processo propriamente dito) eu chegasse à conclusão que se tratava de um psicopata, eu não atendia!
E NÃO SÓ porque NÃO É CASO PARA PROCESSO PSICOTERAPÊUTICO tecnicamente falando!
Mas porque a Ética TAMBÉM falava alto, e eu me recusava a embolsar a grana daquela pessoa, por quem eu nada teria a fazer!!!...
Uma vez uma usineira de Campos riquérrima me implorou para que eu atendesse o filho dela; não aceitei mesmo ela tentando me oferecer pagar o triplo daquilo que eu cobrava na época!
Esse tipo de caso a gente contorna dizendo que "os horários não estão disponíveis, estão todos ocupados", e faz-se um encaminhamento plausível mais adequado para aquela pessoa!
Mas JAMAIS se deixa de atender alguém por sua estilística e/ou Pensamento, e muito menos se sai alardeando isso como se fosse motivo de orgulho!
Quem faz um compromisso profissional desses, faz um pacto de Amor ao Humano!
De amor À PLURALIDADE HUMANA!!!...
EU O FIZ, E GOSTO DISSO!...
Quando escolhi meu ofício, tive que refletir sobre o significado da escolha, tive que verificar se minha estilística existencial se adaptaria ao pleno desenvolvimento dele, e tudo que viria com o "pacote".
Afinal, o trabalho do adulto, para que suportemos viver, precisa ter a mesma graça que o brinquedo e o jogo têm para a criança que todos fomos no início, só que a vida adulta, se tudo correr bem, dura mais que a infância...
Se a necessidade nos obriga a atividades que não têm graça para nós, faz parte da Tragédia Humana, e mesmo assim não é compulsório: há quem dedique a vida a poder transitar da mera obrigação para o Desejo genuíno.
Mas se o Destino permite que nos encaminhemos para o Desejo, para um Sonho profissional, aí a responsabilidade é imediata: precisamos assinar um compromisso com ela.
Professores, Profissionais da Saúde, Profissionais da Lei, e muitos outros, cujo CONTATO HUMANO é primordial, têm - SIM - uma responsabilidade para a qual a intolerância está vedada.
Vamos esquecer por um momento o exemplo da tal Médica gaúcha que se recusou a atender o menino, ou o meu, e vamos a um fato que fiquei sabendo hoje, por uma amiga de São Paulo, a Cassia Ferrari.
Ela e os demais pais foram convocados para uma reunião na escola da filha; atenção: é uma ESCOLA PÚBLICA!!!...
Pois bem, lá, foram informados que a Festa Junina tinha sido suspensa, "porque os pais que são evangélicos se disseram ofendidos por esse tipo de festejo". QUE TAL?... E A ESCOLA ENDOSSOU ISSO!... A Cassia e vários outros pais - evidentemente - compraram a briga...
E aí? Alguém acha plausível uma Escola (ainda por cima Pública), ENDOSSAR A INTOLERÂNCIA À PLURALIDADE HUMANA?....
Porque para mim a questão é essa: intolerância
Aliás, intolerância e mal-humor!...
Uma Médica, PEDIATRA, que "não pode atender uma criança porque a mãe dela é petista"???...
Falemos sério!
Isso é sinal que, além de não saber conviver com o diferente (porque eu não sou petista, mas não vou partir do princípio que petistas sejam "criminosos" ou alguma espécie de "leprosos"), ela também NÃO SABE RIR DOS DESAFIOS QUE A VIDA COLOCA A NOSSA FRENTE!!!...
E - SIM- isso me deixa com "vergonha alheia"...


Na imagem, Freud, Jung e outros (tenho a impressão que o que está sentado no degrau é o Sándor Ferenczi...), em 1906, dando uma relaxada, que ninguém é de ferro...

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