sexta-feira, 4 de julho de 2008

LOUISA MAY ALCOTT , MULHERZINHAS, HOMENZINHOS...do meu jeitinho...


Curiosidades para os fãs:

Amos, o pai de Louisa, era filho de um fazendeiro vegetariano.
Transcendentalista, tornou-se colega de Ralph Waldo Emerson e de Henry David Thoureau. Seu aniversário também era comemorado em 29 de novembro, como ela; logo, Louisa deve ter sido um elegante presentinho dos deuses para ele...
Pai que enquanto não abriu uma escola de filosofia não sossegou...QUE BOM!

Abigail, a mãe, (08 de outubro), passionária por natureza, escrevia textos feministas em jornais que ela administrava, mas também entremeava seus artigos com frases onde dizia claramente que "sem Amos não saberia viver"; os dois foram apresentados por um irmão dela, que era Pastor.
O lema "Tenha esperança e se mantenha ocupada" da "mãe-personagem dos livros", era de fato usado por ela, em casa.

Anna - Meg nos livros e filmes - a irmã mais velha, casou-se de fato com John, que conheceu nos ensaios da peça "The Loan of a Lover", e de fato teve dois filhos.
Infelizmente ele faleceu cedo, e na vida real ela - além de ser realmente excelente dona de casa, e atenciosíssima com toda a sua família - se distinguiu como respeitada atriz (possibilidade que curiosamente ainda causa espanto a muitos desavisados...).

Quanto a Elizabeth, até o nome era real, e a escarlatina que a matou foi de fato pega por contágio de uma família ainda mais desfavorecida, que a família visitava e atendia, caridosamente.
Sempre foi realmente tímida, o que aparecia até mesmo na sua voz, embora fosse apaixonada pianista como a "Beth" da ficção, e cantasse bem.

May, a mais nova que "virou Amy", se tornou artista plástica, e o quadro que enfeitava (e ainda enfeita) a escrivaninha onde Louisa-"Jo" escrevia é pintado por ela. Seu marido foi realmente um estudioso pianista; teve uma filha, que batizou como LOUISA MAY; pouco tempo depois, May também morreu.
Exigiu que Louisa ficasse com sua filha; logo, na vida real, quem criou a filha de "Amy e Laury" foi "Jo"...

Nossa queridíssima Louisa, além da família que teve ao redor (era também sobrinha de um abolicionista), cresceu visitando a biblioteca de Emerson, visitando a Natureza com Thoureau, e estudando (teatro inclusive) com Nathaniel Hawthorne... UFF!...
Com este perfil, NAQUELA ÉPOCA, apesar da ignorância dos meus ouvidinhos, soa bastante compreensível que ela não tenha se casado na vida real...
Aderiu às sufragistas, escreveu, e realmente trabalhou numa escola, mas ...com seu pai, e não com um "charmoso e culto professor que se casou com ela"; edipiano ou inevitável?...
Chegou a dizer que "não precisava de filhos, já que tinha muitas crianças a educar".
Talvez, como Hannah Arendt alguns anos depois, tenha compreendido que "todas as crianças do mundo são nossas crianças, e que por isso não é necessário tê-las sangüineamente"...
O livro "Homenzinhos" deixa bastante claro (dentro do contexto da época em que foi escrito, e da ideologia transcendentalista da família), que ela também "já FAREJAVA COM ACERTO" QUESTÕES SOBRE as MASCULINIDADES bastante avançadas; sua cabecinha foi educada para a liberdade de PENSAR, afinal...
Virgínia Woof disse em seu diário que "Toda mulher precisa de um teto todo seu para escrever".
Louisa concordava, e conquistou cedo um quarto só para si...para poder escrever.
A mesinha em meia lua onde escrevia foi confeccionada artesanalmente pelo...pai; (sem comentários...).
Seu quarto (conservado até hoje, assim como toda a Orchard House) e a Escola da família (esta, na ilustração acima), sua (paternal?) escrivaninha, o quadro de May-"Amy", podem ser observados panoramicamente pelo site:

http://www.louisamayalcott.org/panoramas/louisa_bb.html

Quantas meninas e adolescentes brasileiras ainda tem acesso aos deliciosos livros dela?
Quantos meninos brasileiros chegarão a ler pelo menos "Homenzinhos" (porque, apesar dos nomes, os demais livros dela não foram e não são direcionados para o gênero feminino, e sim a leitores) ?
Quantas meninas e adolescentes brasileiras conhecem "Helena Morley" (Alice Dayrell Caldeira Brant) ?
Ainda bem que AINDA se fala de Lobato, porque ... Condessa de Ségur (por exemplo) ... nem pensar (quem é que vai lembrar dela, e ainda por cima SE DAR AO TRABALHO de explicar para alguma criança o porquê daquelas coisas daquela época?...)
Ler qualquer coisa que saia das garras da indústria cultural livresca vai continuar sendo DE FATO estimulado, acessível, possível?
Chego a tremer só de pensar nisso...
NA-DA contra o excelente naipe de autores que AINDA temos, por exemplo Ligia Bojunga, Ruth Rocha, Rosa Amanda Strausz, Angela Carneiro, etc.
Mas o que "impera" é a "bobagem-que-não-precisa-conversar-sobre", ou que "NÃO DÁ TRABALHO"...
E os leitores continuam poucos...
FLIP e CIA?... Sei não... Acho pouco.
Enquanto isso, tenho esperança e me mantenho ocupada...

ILUSTRAÇÃO: ESCOLA DE FILOSOFIA DOS ALCOTT

Nenhum comentário: